sábado, 13 de junho de 2009

Ações midiaticas com resquício da ditadura

Primeiro tomei conhecimento pela internet das medidas de certo toque de recolher, como estou bem mais seletivo nas minhas leituras, não lí o conteudo e terminei confundindo o tal toque de recolher decretado por determinado juiz, com o toque de recolher encomendado por traficantes bem recentemente em bairros de Salvador e em Portão, bairro daqui de Lauro de Freitas. Só hoje (13) ao abrir o Jornal A Tarde me dou conta de outra realidade. O toque de recolher encomendado pelo Juiz José Brandão Neto, das comarcas de Santo Estevão, Antonio Cardoso e Ipacaetá, impondo a crianças e adolescentes limites para circularem nas ruas de suas cidades, ou seja, todos devem se recolher às suas casas de acordo com os horários escalonados por faixa etária.
A medida causou-me estranheza, muitos aplaudiram outros apenas riram, imaginando o inusitado e muitos outros mais ainda se calaram sem uma opinião formada, ou seja, por falta de consciência critica sobre o tema, preservam-se e cumprem quando pode. Eu cá com meus botões viajei em recordações, boas até, mas questionável, mesmo à época.

O que de fato me motivou sobre o tema foram as recordações dos idos de 1960, aquela década fatídica. Lembro que em minha cidadezinha, meiga e aconchegante, minha querida Aracy, aqui pertinho... Depois de Feira de Santana, antes de Caldas do Jorro, onde devo ir semana que vem curtir os festejos juninos. Naquela década, não sei precisar o ano, surgiu por lá, um delegado muito coercitivo, lá não tinha Juiz, um delegado desses, calças curtas, fazias às vezes e todos o respeitava, aliás... O sertanejo é assim, cumpre com muita facilidade as ordens sociais, nem questionam muito suas origens, mas quando se aborrece de fato, saia de baixo, lembra de Antonio Conselheiro, pois é obedeceu até quando deu, quando achou que era chegada à hora do sacrifício, foi para o pelourinho, mas não se rendeu. Bateu pé firme até a morte!

Pois é, naquela década, um delegado aportou por lá, na nossa pacata cidadezinha. Agenor era seu nome, veio de outra cidade igualzinha a nossa Santa Luz, muito bem recebido, pilheriava com todos, comercializava cigarros, sem pagar impostos naturalmente... Tinha um jeitão jocoso, gostava de piadas e causos, mas adorava mais ainda ostentar o poder, talvez, coitado, influenciado pelos acontecimentos dominantes. Cheirava pó, não o branco, o outro pretinho, mais conhecido como rapé, escarrava aquela coisa pegajosa e nojenta preta, talvez por isso, agente nunca se esquece de pessoas assim.

Por conta dos acontecimentos revolucionários que imperava naqueles idos, não é que o tal calças curtas, adotou uma medida justinha do tamanho dessa desse Juiz midiático agora, pois é, nossa cidade, não lembro direito se já tinha luz elétrica, essa de Paulo Afonso como dizia à época, nossa gente. Parece ainda era luz do motor, controlada pelo primo Lourinho, que Deus o tenha em bom lugar. Então, pra que diabos de ordem mais estapafúrdia?

Só pra contrariar, à época, meio rebelde, driblava meu velho, que nos obrigava a ir deitar depois da Ave Maria, saia às escondidas e ganhava a praça, só para juntos com outros, pirraçar o tal, Agenor, cômico delegado, que num fusquinha (que luxo) às vezes nos perseguia, mas não nos pegava nunca. Dá minha turma, até hoje, não me lembro de ninguém que tenha se desvirtuado e depois viesse a ser um mau feitor. Esse termo, mau feitor, hoje pode ser reinterpretado como marginal.

Essa medida, recente, desse Juiz, dessas comarcas de Santo Estevão, Antonio Cardoso e e Ipacaetá, por certo que é inócua, como fora a do tal delegado de calças curtas de Aracy. Melhor contratar os delegados concursados e treinados para cuidar dos direitos dos cidadãos, pois que, perseguir fracos e oprimidos, não vai nos levar a lugar algum, já que só irão pra casa nos horários estipulados, aqueles que têm casas, outros, vão se recolher por debaixo da ponte mesmo, a partir daí, mais oprimidos ainda, temerosos, das ações da sociedade contra suas falências.

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