sábado, 7 de fevereiro de 2009

O castelo de hipocrisias

Nas últimas semanas, a bola da vez do noticiário político nacional têm sido os escândalos envolvendo a figura do deputado federal Edmar Moreira (DEM-MG), que foi alvo de várias reportagens tendo como objeto os processos que suas empresas respondem há muitos anos na Justiça, calotes que já deu até no Banco do Brasil, omissão de bens na declaração do Imposto de Renda. Mas o que mais chamou a atenção, pelo inusitado, foi ele ser dono do Castelo Monalisa, no interior de Minas, que tem um valor de mercado estimado em R$ 25 milhões, que também não declarou ao Leão.
Pois bem, agora o noticiário mostra a fúria da direção nacional do DEM, que decidiu expulsar o deputado e tentar destituí-lo do cargo de 2º vice-presidente da Câmara Federal, para o qual foi eleito no dia 2 passado e que o elevou à condição de corregedor daquela casa legislativa. Cabe, também, espaço para a reação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que decidiu exonerá-lo da função de corregedor, medida justa porque seria inadmissível um deputado com tais "qualificações" ser o responsável pela apuração de delitos éticos cometidos por seus colegas.

Agora, vamos ao ponto: segundo o jornal O Globo deste sábado, Edmar Moreira entrou no PFL, do qual o DEM é legítimo herdeiro, em 2005, vindo do PL, atual PR. E, naquela ocasião, todos estes fatos, repetidos agora pela imprensa, já eram sabidos e confirmados e deles toda a cúpula pefelista, que é a mesma do atual DEM, tinha pleno conhecimento. Da mesma forma, quando foi eleito, no dia 2 de fevereiro, Michel Temer já sabia do "currículo" (está mais para folha corrida) do deputado.
Aí, creio, cabem algumas perguntas. E, como diz o bordão humorístico, "perguntar não ofende", lá vão três: Quer dizer que o integrante do Democrata e da Mesa Diretora da Câmara pode ser desonesto, aético e descumprir as leis nacionais, desde que seja discreto e a imprensa não denuncie? Porque os dirigentes do DEM não vetaram o ingresso de Edmar Moreira lá atrás, em 2005? Porque só agora, com as denúncias, é que baixou o espírito moralizador-moralista na legenda?
Uma última pergunta-dúvida: caso a imprensa não tivesse feito a denúncia, alguém acha que Edmar Moreira estaria enfrentando algum problema junto aos seus colegas parlamentares?


Paixão Barbosa (POLÍTICA & CIDADANIA)

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